“Bloodshot” não convence como super-herói e é mais um filme de ação de Van Diesel

Baseado nos quadrinhos de mesmo nome, Bloodshot é o início de um universo cinematográfico da Valiant Comics com a Sony e tem como principal objetivo apresentar a história de origem de um militar que acaba virando uma espécie de super-herói, com uma boa dose de tecnologia e ficção científica.

A primeira parte do filme começa como um grande clichê de filmes de ação. Ray Garrison (interpretado por Vin Diesel) é um soldado com muito potencial que está em missão para derrotar terroristas na África. Depois de uma missão bem sucedida, em que consegue resgatar um refém, Ray encontra sua mulher, Gina (Talulah Riley), mas suas férias são interrompidas quando os dois são sequestrados e depois assassinados por Martin Axe (Toby Kebbell).

Após essa primeira fase, a impressão é de que outro filme começa e os clichês deixam de ser tão óbvios. Ray, obviamente, volta à vida. O soldado acorda numa sala de alta tecnologia, onde é “reconstruído” pelo cientista Dr. Emil Harting (Guy Pearce) e sua assistente KT (Eiza González) e logo descobre que, depois dos cientistas terem injetado nanotecnologia em seu sangue, se tornou um super-humano, com força surreal e capacidade de regeneração. Apesar de seus novos superpoderes, Ray não tem memórias de seu passado a não ser uma: a imagem do responsável pelo seu assassinato e de sua mulher, sedento por vingança, o soldado consegue fugir da empresa de tecnologia para ir atrás de Martin Axe, sem saber que esse estava longe de ser o vilão mais perigoso.

A busca por vingança de Ray traz o Vin Diesel que conhecemos muito bem: de camiseta regata, dirigindo carros em alta velocidade e tendo a oportunidade de distribuir socos e outros golpes. Extremamente focado na história de Ray Garrison, Bloodshot exige muito de Vin Diesel que não consegue entregar a complexidade necessária para fazer o novo herói cair nas graças dos espectadores o suficiente para quererem mais.

A ênfase no personagem de Vin Diesel deixou pouco espaço no roteiro para que outros personagens pudessem brilhar. Ainda assim, o destaque vai para Eiza González, que conseguiu convencer no papel da robótica e meio ninja, KT.

O filme dirigido por Dave Wilson tem efeitos especiais de grande qualidade e muitas vezes impressiona visualmente, mas a inexperiência de Dave Wilson, que até o momento só havia trabalhado com videogames acaba transparecendo, sobretudo nas cenas de ações que muitas vezes são cortadas abruptamente.

O roteiro, que poderia ter sido ainda mais clichê do que foi, tenta surpreender com alguns plot twists, mas nem mesmo esses são, de fato, inesperados. As vezes em que a história tentou se aprofundar e ir por um caminho mais complexo, não conseguiu atingir todo seu potencial ou fazer explicações que se encaixassem o suficiente na história.

Bloodshot é um filme de ação que pouco faz para instigar uma curiosidade em relação ao novo universo da Valiant e mostra o Vin Diesel do jeito que esperamos ver Vin Diesel, sem muitas novidades, mas que pode agradar os fãs do ator e de ação.

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