Brooklyn

Com uma história simples, sem rodeios, mas tocante, o filme consegue atrair olhares pela sua beleza e seriedade, mostrando que não há nada que cause mais inspiração nas escolhas da vida do que o amor da família.

Com um tema, a imigração, bastante em discussão em tempos atuais, esta produção singela foi dirigida por John Crowley, diretor de ‘Circuito Fechado’, e escrita pelo famoso roteirista Nick Hornby, o mesmo de ‘Educação’ e ‘Livre’, adaptada do livro homônimo de Colm Tóibín, o mesmo escritor dos livros ‘A História da Noite’ e ‘Mães e Filhos’.

A trama gira em torno de Ellis Lacey (Saoirse Ronan), uma jovem irlandesa que é enviada aos Estados Unidos pela irmã para tentar ter uma vida melhor. Diante das dificuldades da família e pela falta de perspectiva de vida no seu país, Ellis acaba aceitando a vir morar no Brooklyn, onde passa a residir em uma pensão para meninas, dirigida pela carismática Mrs. Kehoe (Julie Walters) e mantida com a ajuda do padre Flood (Jim Broadbent) amigo de sua família.

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Ainda carregada de nostalgia e sem ter ciência das coisas da America, Ellis começa a trabalhar em uma perfumaria e passa a ter aulas de contabilidade na Universidade do Brooklyn, tendo seus estudos pagos pelo Padre Flood. Após conhecer uma casa de festas onde é levada por suas colegas de pensão, Ellis conhece um jovem imigrante italiano chamado Tony Fiorello. Com tão pouca idade e inexperientes sobre a vida, amor e demais aspectos da juventude, os dois acabam se apaixonando e, em pouco tempo, se casam, sem a família de Ellis saber. Com o passar do tempo e abalada por um problema de família, Ellis acaba decidindo retornar à Irlanda por um mês para encontrar sua mãe, sob o consentimento de seu marido Tony.

Ao chegar à Irlanda, Ellis se depara com uma reviravolta do destino. Surgem para ela, oportunidades de crescimento pessoal, trabalho, possibilidades de construção de uma vida dentro do seio de seu lar, aparecendo até mesmo um bom partido (Domhnall Gleeson) para concretizar a realização mais feliz na vida de um ser humano: o início de uma família. O jovem rapaz surge na vida Ellis e sua suposta relação é apoiada por todos que estão ao seu redor, inclusive por sua família.

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Diante de todos os pontos favoráveis à sua permanência no seu país, mesmo sem ninguém saber que já é uma mulher casada, Ellis acaba ficando dividida entre escolher ficar perto da sua família ou retornar para junto de seu amado esposo há milhares de quilômetros dali. Este impasse é o momento clímax do filme e é o que desenvolve maravilhosamente bem a história, fazendo do filme algo reflexível e aceitável aos olhos do público.

O enredo do filme se mostra bastante simples e foi cuidadosamente bem resumido, exatamente para que não ficasse demorado e, ao mesmo tempo, cansativo para o telespectador. O roteiro é bem direto e pode-se sentir a ausência das cenas da chegada de Ellis à pensão de Mrs. Kehoe, da apresentação da personagem à família Fiorello. Essa rapidez com a qual o roteiro se desenvolve ficou bastante diferente daquilo que ocorre com a maioria dos filmes europeus, os quais, geralmente, são bem cansativos e demorados. O que, de fato, acabou desagradando parte do público e da crítica, que já estão acostumados com filmes desse tipo.

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Os fatores históricos compreendem a menção da construção do Brooklyn através das mãos dos imigrantes irlandeses e que então, como é mostrado no filme, foram esquecidos e marginalizados pela sociedade que os acolheu. É um ponto muito forte e reflexivo do filme.

Curiosamente, em relação ao elenco principal e apesar da própria Saoirse Ronan e do ator interprete do papel de Tony Fiorello, Emory Cohen, serem nascidos em Nova Iorque, o filme conta com boa parte do elenco não americano, sendo a maioria europeus ou canadenses.

Há pontos técnicos considerados de tamanha beleza que enriquece a produção de um modo geral, a sequência de cores, envolvendo principalmente os trajes utilizados pela personagem Ellis, sejam eles vestidos ou até roupas de banho. O resultado com que as cores dos trajes se misturavam e até reforçavam as cores dos ambientes utilizados no filme se tornou algo incrivelmente lindo, dando créditos ao seu figurinista, aos diretores de arte e cenógrafos, bem como ao fotógrafo.

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Em razão dos referidos fatores citados, o filme foi muito injustiçado na 88ª Edição dos prêmios Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, a qual não indicou o filme nas categorias de Melhor Figurino, Direção de Arte e Fotografia. Contudo, ‘Brooklyn’ está indicado nas categorias de Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Melhor Atriz para Saoirse Ronan.

Saoirse Ronan, a qual já era uma atriz respeitada, passou a se tornar uma grande estrela com a sua segunda indicação ao Oscar, considerando que a sua primeira nomeação foi em 2008, por um papel coadjuvante pelo filme ‘Desejo e Reparação’ quando a mesma tinha apenas 13 anos. Curiosamente, apesar dos traços e origem irlandesa, Saoirse, como já foi dito, também é nascida em Nova Iorque nos Estados Unidos, diferente do que muita gente pensava. Um fato de muito respeito em relação a ela é que a mesma começou e seguiu carreira sempre com filmes maduros, sem apelar para comédias infantis ou adolescentes como as da Disney. Por esse motivo essa menina que, a cada dia vem se transformando em uma grande mulher dedicada, merece sim o respeito do público.

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