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Subverter a natureza de histórias conhecidas não é novidade na filmografia de Darren Aronosfky. Em “Noé” – seu último filme -, o diretor afirmou que faria uma interpretação particular do Dilúvio, com foco na mensagem ecológica, não necessariamente fundamentado na Bíblia. Novamente, ele traça a mesma abordagem. Apesar de já ter declarado que Jennifer Lawrence é de fato a representação da Mãe Natureza, seu novo lançamento “Mãe!” é um filme repleto de alegorias, que permite vários tipos de interpretações.

Enxergando a superfície, temos a história de um casal cujo relacionamento está se deteriorando, com o marido (Javier Bardem) em crise profissional e a esposa (Jennifer Lawrence) sendo negligenciada na relação. Entretanto, alguns podem encontrar uma leitura mais política e ecológica, temas que dialogam diretamente com nossa sociedade atual e talvez expressem a visão pessimista do diretor com o futuro do nosso planeta – se a essência do Criador é criar, a natureza do homem é destruir, mesmo que seja o seu próprio lar.

Para mim, o filme permite todas essas leituras, mas sua ideia central – o conteúdo mais importante de uma obra, sem o qual ela não se entenderia ou perderia o valor – é um comentário sobre a história da humanidade e a relação do Criador para com sua obra. E como o filme explora isso? Através de uma clara alegoria sobre a criação do homem, usando o Antigo e o Novo Testamento como pano de fundo – Adão e Eva, Caim e Abel, o dilúvio e até Jesus são representados.

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Antes de me aprofundar nessa interpretação, é importante entender que era desejo do diretor transformar a história em um filme de gênero, um filme de terror para ser mais exato. E não seria a primeira vez que ele se aventura por esses caminhos. Dois dos seus maiores sucessos de crítica e público – “Requiem Para um Sonho” e “Cisne Negro” – flertam bastante com esse gênero, apesar de achar que se encaixam melhor no subgênero do suspense psicológico.

Falando em psicológico, o diretor sabe como poucos atualmente exaurir seus personagens até o limite, levando o espectador a um verdadeiro tour-de-force emocional. E o mesmo acontece aqui em “Mãe!”. Portanto, quem estiver indo assistir esperando um filme de terror convencional, muito cuidado para não se decepcionar.

Acredito que uma das principais qualidades do filme – se tivesse que recomenda-lo para alguém – seria destacar a experiência sensorial que ele proporciona. Não importa se você já tenha visto trailers ou materiais promocionais do filme, o fato é que ninguém está preparado para aquilo que está por vir. Isso é um ponto positivo, porque possibilita (como mencionei anteriormente), uma interpretação pessoal de cada um, e desperta o desejo pelo debate posteriormente. Quantos filmes você assistiu no cinema e poucas horas depois já nem se lembrava mais? Em “Mãe!”, muito pelo contrário, as imagens vão te assombrar por um bom tempo.

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Enquanto suspense psicológico, Aronofsky escolhe desenrolar todo o filme em um único ambiente: a casa onde vivem “o Poeta” (Bardem) e a Mãe (Lawrence). Juntos, eles convivem em harmonia até abrirem as portas para um convidado no meio da noite. Porém, gradativamente, mais e mais convidados indigestos começam a surgir, arruinando o lugar e incomodando principalmente a Mãe, que estava reconstruindo a casa a partir do zero, com sensibilidade, carinho e as próprias mãos.

A abordagem funciona e gera empatia por dois motivos: primeiramente, pensamos no local como nossa própria casa. Quando vemos alguém deliberadamente jogando lixo na rua, por exemplo, podemos até ficar incomodados, mas nada se compara a indignação que sentimos quando um estranho invade nossa casa e joga lixo na nossa propriedade. E em segundo, a maneira como Aronofsky registra o desenrolar da história, também auxilia nessa empatia.

A câmera passa grande parte do filme “colada” no rosto de Jennifer Lawrence, só se distanciando quando observamos outros personagens. Desta forma, naturalmente ficamos condicionados a “ver o filme” do ponto de vista dela, e ao observarmos suas reações aos eventos, somos capazes de sentir o que ela sente. Já em termos narrativos, o filme é irregular. Os dois primeiros atos são construídos com muita paciência, e o diretor entrega pouco para o espectador realmente entender o que está acontecendo. No entanto, o terceiro ato é um caos total, como se o filme fosse de zero a cem num piscar de olhos.

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Ressaltando que essa sequência caótica é uma das maiores realizações técnicas de Aronofsky como diretor em toda sua carreira. No entanto, essa “erupção” abrupta da história pode incomodar alguns. Para mim, não há dúvidas de que era a verdadeira intenção de Aronofsky, incomodar o espectador, provocar e dar a sua interpretação sobre um tema polêmico. Eu ia mencionar que ele também busca fazer o espectador refletir, mas é justamente aí onde o filme é mais falho, na minha opinião.

Não há muita substância para que haja uma verdadeira reflexão. Talvez a ideia principal esteja muito nublada em meio a tantas alegorias e ao “apocalipse” na meia hora final do filme, que não há abertura para o espectador. Não é um diálogo com o público, mas um monólogo do diretor. Pode ser que muitas pessoas se incomodem com a prepotência e ambição do projeto. É muito claro que ele mira em vários alvos, mas não necessariamente quer dizer que acerta em todos.

Vale mencionar que algumas pessoas podem enxergar a história mais como um comentário para o papel secundário da mulher na sociedade, vítima de um sistema patriarcal, onde é rebaixada ao posto de mãe, empregada, ou musa inspiradora para o artista, que é excluída das principais decisões mesmo sendo a força motriz que move o ambiente. Ela é a menos culpada de tudo o que acontece, mas está sempre se desculpando, como se fosse levada a acreditar que esse é o seu “papel” estabelecido.

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Apesar de achar que essa não é a mensagem mais explorada (e sim a relação de Deus com o homem), acredito que cabe essa leitura e o filme dá condições para sustentar essa visão. O próprio pôster com a imagem de Jennifer Lawrence foi inspirado na obra “Karen”, da artista Jessica Harrison. Apesar de “Broken” (2013) ser um trabalho bem obscuro, nota-se a intenção da artista ao retratar bonecas de porcelana – geralmente representações da “delicadeza feminina” –  sacrificando literalmente as tripas e os órgãos, para manter a aparência feliz de que está tudo bem.

Outra inspiração observada é o livro “Women and Nature” (1978), de Susan Griffin, uma obra bem conhecida da literatura feminista. No livro, a autora faz comparações entre a domesticação da natureza e o papel da mulher na sociedade. “Ela lê histórias que nunca foram escritas, vê cidades inteiras crescerem e o novo crescimento de florestas que foram destruídas há muito tempo. Ela vê todo tipo de maravilhas muito além do que pedimos para ela ver, coisas, ela diz, que não poderíamos nem sonhar. Nós pensamos que ela está delirante, mas ela nos fala tão docemente que nós também começamos a ver essas coisas”. Essa descrição – tirada do livro – bate perfeitamente com a presença da Mãe no filme, embora todos os outros personagens sejam tão desprezíveis que não enxergam nada além do seu próprio umbigo.

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À esquerda, “Karen”, de Jessica Harrison e à direita o pôster do filme “Mãe!”

Falando em atuações, o elenco tem grande entrega e é fundamental para sustentar o interesse até o fim, pois é uma história muito hermética, onde os cenários são pouco explorados e a câmera acompanha quase integralmente os personagens, que movem a trama adiante. Jennifer Lawrence está perfeita, uma vez que, se considerarmos que ela interpreta a Mãe Natureza e o lado amoroso do Criador, consegue expressar a inocência, abnegação e dedicação que deveria, sem perder a natural e ingênua sensualidade. Javier Bardem também está adequado dentro da proposta do personagem, e Ed Harris e Michelle Pfeiffer também impressionam, mesmo com menos tempo de tela.

Sendo assim, a experiência que tiro do filme é a de que se Aronofsky tentou fazer refletir sobre nossa existência ou se acusa Deus de ser um criador indiferente para com a sua criação, ele se equivoca no discurso, faltando sustentação nesse argumento. O Criador apresentado por ele no filme é completamente desprovido de amor, pois esse lado é representado inteiramente pela figura da Mãe Natureza – a qual ele não ama de verdade, apenas é condescendente quando lhe convém, sempre em prol do seu egocentrismo.

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Apesar de ter sido criado na religião judaica, várias vezes Aronofsky declarou que não é religioso. O que me leva a perguntar, então por que vira e mexe ele recorre ao mundo da espiritualidade e fé, como em “A Fonte da Vida” e “Noé”? Após o filme “Mãe!”, que claramente faz uma analogia de Gênesis a Apocalipse, ele deixa mais uma vez a entender que algo no Cristianismo o incomoda, mas não quer ou não tem coragem de assumir publicamente. Seu argumento mais “claro” no filme, o qual eu até consigo compreender é que a essência do criador é criar, e quando o ciclo se encerra, tudo é destruído e se reinicia novamente. Ainda assim, é uma visão muito simplista do assunto.

Enquanto obra cinematográfica, considero que seja uma experiência necessária a qualquer cinéfilo, pois mesmo que possa ser incômodo ou incompreensível à primeira vista, certamente é uma obra cheia de simbolismos, que até funciona como suspense psicológico, ainda que seja muito mais abstrata do que literal, o que pode espantar a grande audiência. Uma coisa que peço a você, querido leitor, é que observe essas metáforas aqui mencionadas, e tire suas próprias conclusões. No saldo geral, uma coisa é certa: é impossível ficar indiferente diante de “Mãe!”, e mesmo considerando as respostas insuficientes, reconheço a habilidade do diretor em levar o espectador ao limite.

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!

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Assista abaixo a entrevista completa que fizemos com o diretor de “Mãe!”, Darren Aronofsky:

https://www.youtube.com/watch?v=p6bblgCBR4I

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