SINOPSE

‘Entourage’ (que remete à equipe) foi uma série de comédia da HBO que durou 8 temporadas (04-11) e mostrava os bastidores de Hollywood através de uma estrela de cinema em ascensão, Vince Chase (Adrian Grenier, de “O Diabo Veste Prada”), seu irmão menos talentoso Johnny (Kevin Dillon, de “Platoon”), seus amigos Eric (Kevin Conolly,de “Família Buscapé”) e Turtle (Jerry Ferrara), além do seu agente egocêntrico Ari Gold (Jeremy Piven, vencedor de 1 Globo de Ouro e indicado a mais 5 Globos pela série). Talvez a principal característica da série – que alcançou um sucesso considerável de crítica e público – foi explorar a fantasia de um grupo de amigos de infância desfrutando do bom e do melhor em Hollywood (fama, dinheiro e mulheres), sem necessariamente usar de sarcasmo para criticar esse estilo de vida, como muitos programas e filmes costumam fazer.

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Produzido por Mark Wahlberg – que declarou que a série lembra vagamente sua trajetória em Los Angeles -, além de Stephen Levinson e Rob Weiss, quatro anos após “Entourage” chegar ao fim, a Warner lança a versão cinematográfica dos amigos com o título nacional de “Entourage: Fama e Amizade”. É importante avisar que o filme mantém basicamente todos os elementos da série original e em momento algum esconde o fato de que foi feito para os fãs – semelhante ao que aconteceu no ano passado com o bom “Veronica Mars”.

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A história do filme se inicia um pouco após o final da série, quando o ex-agente Ari Gold (Piven) está com sua esposa na Itália. Agora chefe de estúdio e tentando se estressar menos no trabalho a pedido da companheira, Ari convida seu ex-cliente Vince (Grenier) para estrelar seu próximo filme, uma espécie de “O Médico e o Monstro” do futuro. Vince concorda, mas impõe uma condição: ele quer dirigir e estrelar o projeto. Apesar de saber manter as aparências como poucos, Ari e a imprensa sabem que o estúdio está em uma situação delicada que não pode arriscar ter uma grande perda, mas em consideração ao amigo, acaba concordando. A maneira como os personagens são apresentados é rápida e direta, pois como eu havia dito, o filme é direcionado ao público que acompanhava a série, mas isso não quer dizer que quem esteja assistindo pela primeira vez tenha dificuldades em entender o que se passa, o que é um ponto positivo.

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O problema é que após um ano de projeto, todo o orçamento de $100 milhões já foi usado e o jovem diretor continua pedindo mais ao chefe do estúdio, sob a alegação de que quer fazer um filme perfeito, mas não mostra o andamento do trabalho para ninguém. Seria ele um gênio ou um fracasso? Nós, como espectadores, também não sabemos e esse é outro ponto positivo. Um filme tem que ter uma história que intriga. A curiosidade é o que move o ser humano, pois até para comer aquele bolo de aniversário é preciso estar curioso, querer saber o gosto que tem. Se a todo momento você conseguisse adivinhar passo a passo dos personagens, a experiência ficaria monótona e desinteressante. Então, mesmo no escuro, Ari visita o investidor do filme (interpretado por um contido Billy Bob Thornton) para pedir mais dinheiro. Só que o filho e futuro herdeiro do milionário (um quase irreconhecível, porém bem confiante Haley Joel Osment) impõe a condição de só liberar mais dinheiro, caso goste do filme e seu gosto cinematográfico é bastante duvidoso, diga-se.

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Seja na sua parte estética como na sua estrutura narrativa, Entourage mais parece um episódio estendido da série. A grande quantidade de artistas interpretando a si mesmos (cameos) e aparecendo o tempo todo, sempre quebra a “seriedade” do momento, evitando que o filme se aprofunde no drama de algum personagem em específico. Interessante, pois apesar de transitar no mesmo tema da obra-prima “O Jogador” (1992, de Robert Altman) – os bastidores de Holywood -, assume uma postura totalmente diferente, ficando sempre na superfície. Em outras palavras, “Entourage” exalta a ostentação (e um pouco de machismo, é verdade), ao invés de tentar mostrar para o público que este estilo “vazio” (e muitas vezes absurdo) de viver seja uma coisa ruim.

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A direção do também criador da série Doug Ellin, assim como seu roteiro, não apresenta nada de impressionante, mas também não há erros significativos. Todo o elenco está em forma, o que não quer dizer muito também, pois ficaram praticamente uma década interpretando os mesmos papéis. Exceto Piven, seu personagem Ari Gold cai como uma luva para o ator que já é bem engraçado e faz como poucos o papel de “imbecil” ou egocêntrico (vide “Dias Incríveis”, de 2003). Apesar de o filme ser inofensivo, seu tom superficial não será bem aceito ao público mais conservador quanto ao seu humor politicamente incorreto. Confesso que algumas piadas são apelativas e bobas, mas se tratando de uma comédia escatológica (pastelão, besteirol), Aristóteles já havia ensinado que os protagonistas deste tipo de filme não precisam ser complexos e nobres, mas inocentes e simpáticos, para aprenderem com seus próprios erros.

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Portanto, esse retrato simplório de Hollywood, cheio de referências internas, tem tudo para agradar os fãs que sentiam falta das confusões dos quatro amigos, e como eles resolvem seus problemas à sua maneira. Os produtores mencionaram que, dependendo da aceitação popular, mais um ou dois filmes poderiam surgir em breve e o diretor declarou que adoraria fazer uma trilogia. Entretanto, nos resta aguardar para saber o que irá pesar mais: as críticas de quem achou o filme “misógino” e suas piadas ofensivas ou os elogios dos fãs nostálgicos que sabem que o cinema é imenso e tem espaço de sobra para todos os tipos de humor, inclusive este.

Trailer do Filme:

 

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