Talvez você se lembre que quando o primeiro “Guardiões da Galáxia” surgiu, o universo cinematográfico da Marvel já vinha de algumas sequências que não agradaram tanto, como “Homem de Ferro 2 e 3” ou “Thor: O Mundo Sombrio”. Sendo assim, a irreverência, o tom cômico, a trilha sonora incrível e o visual maravilhoso de “Guardiões”, veio como um sopro de ar fresco tão necessário para o estúdio naquele momento. E não deu outra, crítica e público adoraram o filme.

Trazendo um jovem diretor, mais acostumado a histórias de terror (como “Madrugada dos Mortos” e “Seres Rastejantes”) para o comando, o longa também surpreendeu positivamente em outro aspecto: o emocional. É incrível como, em apenas um filme, o diretor James Gunn conseguiu fazer o espectador se importar tanto com personagens pouquíssimos conhecidos, que sequer são seres humanos.

Eis que essa semana estreia a aguardada continuação, chamada por aqui de “Guardiões da Galáxia Vol. 2”. Gunn retorna à direção não apenas para contar as novas aventuras do grupo, mas também para aprofundar os dilemas íntimos dos personagens e expandir o rico universo onde eles habitam. E, já adianto para vocês, que “Guardiões 2” é provavelmente o filme de super-heróis mais “família” e comovente já feito.

O filme já abre tocando no tema central da sua discussão, a relação entre pai e filho, pois para quem não sabe, depois muita procura, finalmente Ego (Kurt Russell) encontra seu filho Peter Quill (Chris Pratt), também conhecido como Star-Lord. Entretanto, Peter e os outros Guardiões, Gamora (Zoe Saldana), Drax (Dave Bautista), Rocket (Bradley Cooper) e Baby Groot (Vin Diesel) já estão trabalhando como equipe e sendo contratados por vários povos para proteger a Galáxia.

De imediato, o excelente uso do 3D chama a atenção, bem como a forma que o time trabalha em equipe. O resultado é uma sequência de ação espetacular, repleta de humor, visualmente impecável e, é claro, sempre embalada por uma bela canção. Nesse aspecto, o filme já merece muitos elogios, pois são muitos exemplos (como alguns “X-Men” ou “Quarteto Fantástico”) onde o grupo não consegue trabalhar unido de maneira convincente. A química entre os Guardiões é realmente plausível e envolvente.

Uma característica muito charmosa dos Guardiões – que os diferem de outros super-heróis – é que eles são quase anti-heróis, ou seja, basicamente não têm a mesma responsabilidade moral de outros mais conhecidos, como o Homem-Aranha, o Batman, o Superman (sim, vou citar DC aqui) ou os Vingadores. Esse “desprendimento” com a responsabilidade, os torna muito mais descolados e corajosos, com liberdade até para falhar e aprender com seus erros. E no fundo nós sabemos como a rebeldia é atraente, não é mesmo?

Mas, não é só isso. “Guardiões da Galáxia 2” merece muitos outros elogios. Como mencionei, o tema família é muito presente e aprofundado acima do normal para um filme do gênero. Além da complicada relação pai e filho entre Ego e Peter, Gamora e Nebula (Karen Gillan) – que são irmãs – precisam resolver sua questão, que vem deteriorando desde a traumática criação que seu pai Thanos as forçou a viver na infância. Outro destaque, vai para a surpreendente história melancólica de Rocket e Yondu (Michael Rooker). Dois rejeitados e incompreendidos pelo resto do mundo. Impossível estar envolvido com o filme e não se emocionar com seus conflitos internos.

Entretanto, se engana quem achar que o filme é depressivo. Para contrabalancear esse clima mais emotivo, “Guardiões” conta com um senso de humor muito alto astral e capricha nas piadas e no humor físico. Neste ponto, Drax é quem se destaca mais. Sua ingenuidade faz com que ele seja muito sincero, de uma maneira que nós, seres humanos, não somos, sem filtro ou vergonha. Isso sem mencionar o fofo, porém briguento e corajoso Baby Groot.

Tecnicamente, o filme também beira o impecável. Visualmente, o universo é muito bem resolvido e com vários ambientes distintos, colorido, distópico, selvagem, cheio de criaturas exóticas e etc. Mas, isso não foi por acaso. James Gunn foi buscar o incrível artista plástico Hal Tenny para auxiliar na concepção visual do longa. Usei algumas imagens conceituais do seu trabalho para ilustrar o texto. O trabalho completo com explicações, vocês podem ver no próprio blog dele (http://haltenny.deviantart.com/).

Outros elogios vão para a maquiagem digital perfeita, o desenvolvimento dos personagens, onde todos têm espaço para brilhar e a presença de novos atores, como Stallone, por exemplo. Apesar de aparecer pouco, só sua presença já impõe respeito e, convenhamos, como é divertido ver esse ícone do cinema na tela. Ah, lembrando que o filme tem 4 ou 5 cenas pós créditos e uma delas tem a ver com ele.

Sendo assim, “Guardiões da Galáxia Vol. 2″ é um filme perfeito? Isso é muito relativo e vai depender totalmente do nível de interesse do espectador. Vale ressaltar que o filme é um pouco mais longo que o costume (2h17m) e gasta muito tempo entre piadas e esses conflitos internos dos personagens que eu mencionei. Para mim, a falta de um grande vilão é compensada pela abordagem de temas mais íntimos, que agregam uma boa carga emocional e me fizeram ficar comovido e envolvido com os personagens até o fim.

Em termos de estrutura, no tempo certo um vilão surge, grandes revelações e apostas são feitas, conseguindo sustentar bem o clímax. O final é emocionante e as pontas se fecham bem. E o que dizer do visual incrível e das músicas, um clássico após o outro (tem Fleetwood Mac, Sam Cooke e Cat Stevens)? Por mais que o espectador não se envolva emocionalmente, é realmente difícil encontrar um defeito que comprometa ao menos a diversão de assistir ao longa.

Seja você amante ou não de super-heróis, através de cenas bem dirigidas, o filme tem a capacidade de fazer refletir sobre família e amizades, as pessoas que realmente são importantes para nós. Considerando tudo isso, graças ao seu elemento humano e familiar verdadeiramente comovente, “Guardiões da Galáxia Vol. 2” supera e expande seu antecessor, se tornando uma experiência audiovisual imperdível e indicada para todas as idades.

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!




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