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“Star Wars” mudou a história do cinema de um modo que provavelmente não veremos novamente enquanto estivermos vivos. Hoje, mais de 40 anos depois, é muito difícil enxergar e entender o tamanho do impacto que “Uma Nova Esperança” causou. As pessoas não estavam acostumadas a dezenas de coisas que o filme apresenta, e mesmo que algumas produções no “espaço” fossem populares na TV, nada se comparava a “Star Wars”. Tudo era uma novidade: veículos flutuantes, robôs que emitiam sons jamais escutados antes (acredite, na década de 70 não era comum escutar por aí sons digitais), lutas com sabres de luz, vilões do espaço com poderes sobrenaturais, uma variedade imensa de aliens e tantas outras coisas que renderiam um artigo próprio. George Lucas certamente teve uma criatividade inigualável para criar o seu rico universo coeso, seja na própria mitologia ou mesmo na coerência da narrativa, resultando em seis filmes de grande sucesso e alta qualidade (mesmo que você não goste dos episódios I, II ou III, é inegável que são grandes obras).

Após o lançamento do episódio III, sexto longa da franquia, em 2005, “Star Wars” começou a “esfriar” na cabeça do público geral, mesmo com alguns derivados para adultos e crianças em diferentes mídias. E então, em 2012, a Walt Disney Company reanimou a franquia nos corações dos fãs, e daqueles nem tão fãs, com o anúncio da compra da Lucasfilm, e o anúncio de uma nova trilogia. J.J. Abrams ficou, então, responsável pelo roteiro e direção do “Episódio VII”, o longa que prometia trazer o sentimento nostálgico aos fãs, com o retorno dos astros da trilogia original da década de 70 e 80, e também tinha a missão de reapresentar a franquia para uma nova geração.

Assim, em 2015, estreava “O Despertar da Força”, um longa que dividiu muitas opiniões pela ausência de novidades em um roteiro basicamente igual ao roteiro do primeiro filme de 1977. A continuação veio para outro diretor e roteirista, Rian Johnson, que lança o “Os Últimos Jedi” em 2017 e consegue dividir ainda mais os fãs, com escolhas um tanto inusitadas e controversas para a continuidade da trama. Mesmo com um roteiro fraco, o episódio VII tinha uma linha de pensamento coesa. Todavia, seu sucessor, ao tentar ser diferente, consegue ser pior, pela total ausência de coesão com o que vinha sendo construída por décadas.

E hoje, novamente dois anos depois, chega aos cinemas o último filme da nova trilogia, que traz o importante retorno de J.J. Abrams para a direção e roteiro, marcando-o com uma imensa responsabilidade de corrigir todas as incoerências deixas pelo diretor anterior(que J.J. executa com direito a cenas provocativas às escolhas anteriores) e ainda com a missão de concluir uma franquia de gerações. E com uma habilidade de cair o queixo, J.J. consegue cumprir com maestria todos esses critérios e encerrar a franquia com o respeito que ela merece em “Star Wars: A Ascensão Skywalker”.

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O trunfo do filme é que ele apresenta algo novo, não na mesma intensidade, mas com a mesma vontade de George Lucas. Temos uma sintonia inédita entre os protagonistas (Rey, Finn e Poe), um arco incrível para o grande vilão do filme (Kylo Ren), reviravoltas com formato inédito para a franquia, presença de comédia e terror no mesmo filme, e sequências de batalha jamais vistas.

A primeira grande surpresa do longa são as cenas de atuação conjunta de Daisy Ridley, John Boyega e Oscar Isaac, pois eles conseguem transmitir um sentimento real de amizade, com todos os momentos tensos incluídos. É o primeiro longa, desta nova trilogia, que os protagonistas ficam realmente juntos durante o desenvolver da trama, o que favorece o desenvolvimento do carisma do público pela relação entre os personagens. Todavia, quem rouba a cena realmente é Adam Driver na interpretação complicada de Kylo Ren. Driver transmite todo o valor de seu personagem e tem um desenvolvimento substancial em cena, o que permite que o público oscile entre “amar” e “odiar” o personagem em diversos momentos.

O veterano Mark Hamill (Luke Skywalker) também tem seus grandes momentos no filme, mas perde espaço para as atuações recuperadas de Carrie Fisher (Leia). A atriz faleceu em 2016, e com a recuperação de cenas gravadas anteriormente, J.J. Abrams faz um excelente trabalho para conseguir inclui-la no filme com profundidade e coerência. Anthony Daniels traz divertidos e importantes momentos para o C-3PO, enquanto Billy Dee Williams participa de uma forma sútil e nostálgica como Lando Calrissian. E da mesma forma que o público foi surpreendido com a participação de Frank Oz como Yoda no longa anterior, um outro personagem querido faz uma participação especial.

O roteiro consegue equilibrar muito bem momentos cômicos com momentos realmente assustadores (outra novidade da franquia no cinema), o que torna o filme uma boa montanha-russa de emoções, que faz com que você queira andar mais algumas vezes para ter certeza de que aproveitou tudo. Quanto aos efeitos especiais, não precisamos dizer muita coisa, são todos impecáveis. E a fotografia acompanha os diversos tons do filme, porém sem acrescentar nenhuma novidade ou algo que nós já não vimos em outros longas da saga.

Alguns podem sair mais tristes do que outros da sala de cinema, mas certamente sairão todos satisfeitos. É uma conclusão merecida para a saga que foi tão maltratada nos últimos anos, que foi feita com uma visível atenção e carinho dos cineastas. As grandes dúvidas são respondidas, cenas épicas são apresentadas, lindas homenagens são feitas, e uma saga de gerações chega ao fim.

“Star Wars: A Ascensão Skywalker” está disponível no Disney+.

Daisy Ridley e Adam Driver, como Rey e Kylo Ren

 

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