José Padilha foge de seu padrão e “7 Dias em Entebbe” se torna seu trabalho mais diferente

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A história do famoso conflito entre Israel e Palestina começou durante o século  20, com o início do movimento sionista – movimento político que defende o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado nacional judaico independente onde, historicamente, existiu o antigo Reino de Israel. O aumento da procura pelo local surgiu devido ao antissemitismo que sofriam na Europa. A Palestina então foi o lugar escolhido. Localizada entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, é considerada sagrada tanto para os judeus, quanto para muçulmanos e cristãos. Na época, pertencia ao Império Otomano (ou Turco) e era ocupado por muçulmanos e árabes. Depois do fim do Império, durante a Primeira Guerra, o Reino Unido passou a comandar a região, e começou a fazer promessas para árabes e judeus, que com o tempo, não foram cumpridas. E isso provocou uma verdadeira tensão, gerando confrontos entre os grupos paramilitares dos dois lados.

O fim da Segunda Guerra só aumentou a pressão pelo movimento sionista, que previa a partilha do território controlado pelos britânicos entre judeus e palestinos. A tensão, antes local, passou a ser regional com a fundação de Israel em 1948, e gerou a primeira guerra árabe-israelense, com a invasão do Egito, Jordânia, Síria e Iraque no território, que, depois do confronto, foi reduzido pela metade. Ali, começou o que os palestinos chamam de nakba – palavra árabe para “catástrofe”. E se comprovou, com uma guerra que nunca chegou ao fim.

Com mais um tema político em mãos, o brasileiro José Padilha escolheu um acontecimento específico dentro de mais de um século de confronto. O caso, em si, um sequestro de avião, organizado por palestinos e dois terroristas alemães, que durou uma semana, marca mais uma vez o diretor envolvido em um universo polêmico. Para aproveitar melhor o material em mãos – que segundo o próprio Padilha, foi fruto de uma pesquisa de dois anos – o roteiro de Gregory Burke decidiu apresentar a história em pequenos atos que demonstram cada um dos dias.

Apesar, de na teoria, esse ser um plano interessante – até para demonstrar o desenvolvimento da trama, tanto no arco do sequestro, quanto dos políticos – na prática, deixou a desejar. Aqui, Padilha fez o seu trabalho mais diferente da carreira. Com um ritmo bem mais cadenciado, a direção e o texto focam bem mais na relação dos personagens e não focam na ação, que quando existente, Padilha se desvincula de sua essência e segura, fazendo o espectador sentir falta de ‘Tropa de Elite’ (2007).

Além da surpresa na mudança de rumo da direção, outra surpresa vem de um dos três brasileiros que Padilha chamou para trabalhar com ele. Daniel Rezende ao lado do diretor, mas aqui, não vemos o mesmo Rezende de sempre. No longa, a montagem mais atrapalha do que ajuda, sendo o principal aspecto negativo do filme. Aparentemente, a história não caminha, alguns dias são longos, enquanto outros são curtos, não dando ritmo à narrativa e cansando cada vez mais o espectador, que sai do cinema com um peso de cinco horas de filme, sendo, na verdade, menos de duas. O erro da montagem também aparece quando Padilha decide não trazer sua ação frenética e entrega quase cinco minutos de câmera lenta. Porém, nessa mesma cena, Rezende mostra sua qualidade ao intercalar imagens de guerra com uma típica dança de Israel.

Por sua vez, os outros dois brasileiros apresentam um ótimo trabalho. Lula Carvalho retorna para mais um projeto de Padilha e se supera com uma fotografia linda, com características sujas e empoeiradas, do jeito que a região de Entebbe pede. Rodrigo Amarantes também se supera com uma trilha amena e que entrega todo o clima que certos arcos pediam.  

Mesmo com falhas, Padilha retorna com um elemento muito presente em seu estilo de direção, o elenco. Aqui, Daniel Bruhl e Rosamund Pike ganham holofote nas mãos do brasileiro – que já comandou Gary Oldman, Samuel L. Jackson e Michael Keaton – e realizam mais um belíssimo trabalho. No papel de alemães, Bruhl não faz mais do que trazer sua essência em um personagem complexo e conflitante, enquanto Pike é a que mais brilha. A atriz londrina choca ao brilhantemente atuar em alemão, além de trazer uma personagem com peso e tão complexa quanto seu parceiro. Infelizmente, as atuações não superam o texto fraco, que repete ideias constantemente – principalmente com o personagem de Bruhl. Como se não bastasse, a mistura de um texto já fraco com uma montagem ainda mais fraca, desanima e não mostra o Padilha que o brasileiro está acostumado ver. É provável que aqui no Brasil o filme não traga uma boa recepção justamente por essa diferença narrativa presente.

Contudo, a crítica internacional também não olha com bons olhos a nova obra do carioca. Mesmo com Padilha escolhendo um tom neutro na trama, sem balancear mais para os palestinos ou para os israelenses, ele até critica o conflito, utilizando-se de metáforas. O problema mesmo é a humanização dos terroristas. Não que isso, para o público, atrapalhe na história, mas é até compreensível a reação internacional.

De forma alguma, “7 Dias em Entebbe” é a bomba como anda sendo dito por aí. Por sua vez, é diferente. Não em sua narrativa ou na proposta, é diferente por ser José Padilha como diretor. A expectativa em cima de sua narrativa mais dinâmica foi deixada de lado, junto com diversos outros aspectos. O longa não diminui sua filmografia, mas também não a faz crescer. Como todo grande diretor, “7 Dias em Entebbe” é uma pequena pedra no sapato de sua carreira, depois do meteoro que foi “Robocop” (2014).

 

P.S. “7 Dias em Entebbe” está fora das polêmicas políticas brasileiras, e por mais defeituoso que seja, não merece seu boicote. Por mais polêmico que seja, ainda é um nome que engrandece nosso cinema.

 

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-42268607

 

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Coletiva com o diretor José Padilha

O Super Cinema UP teve o prazer, concedido pela Diamond Films, de participar da coletiva de imprensa com o diretor, que aconteceu em São Paulo, no mês de março. E vamos contar um pouquinho do que ele conversou com os jornalistas.

O cineasta contou sobre a cena da dança e explicou a metáfora por trás dela. Na apresentação, os dançarinos entram no palco vestidos de terno, todos sentam em cadeiras e conforme começa a música elas se movimentam, enquanto uma pessoa só se joga no chão. Com o avanço da canção, os dançarinos vão tirando seus ternos, menos um, o mesmo que se joga. Padilha explicou a dança retrata que se a sociedade continuar ortodoxa, vai continuar caindo. O diretor ainda emendou e falou da apresentação artística nos créditos finais, que trazem um dançarino, e ao fundo, alguém correndo em uma esteira. Também como metáfora, a cena mostra um retrato do conflito, que corre, mas não chega a lugar algum.

Sobre o elenco, Padilha explicou sobre a escolha de Pike, uma atriz britânica, para fazer o papel de uma alemã. A produção foi responsável pelo nome dela, e disse que chegou a conversar com outras atrizes – maiores e mais famosas que a própria Pike – mas que ela era pessoa certa. Chegou a informar que a atriz não sabia falar alemão e quando questionou se ela conseguiria aprender o idioma em três meses, ela, além de responder que sim, disse que aprenderia melhor apenas ouvindo. O diretor ficou surpreso com o aprendizado da atriz, e chegou a mostrar o filme em Frankfurt. Alguns cidadãos acharam que a britânica havia nascido na Alemanha.

O diretor também explicou que procurou usar mais efeitos práticos do que especiais. A realidade era o objetivo do carioca, que chegou a conversar com os militares da época e remontou toda a estratégia dos soldados na invasão. Ele ainda disse que conversou com um dos sobreviventes do sequestro e que todas as atitudes de seu personagem no filme, foram as mesmas tomadas na vida real.

Padilha terminou informando que não se importa com as críticas, tanto que acompanhou por cima os comentários negativos vindos da imprensa internacional.

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