Desde seu papel como a “sem graça” Bella Swan na controversa saga Crepúsculo, Kristen Stewart se esforça para trazer credibilidade ao seu nome e mostrar novas facetas, e é isso que ela faz em Ameaça Profunda.

O filme de ficção científica dirigido por William Eubank mostra a que veio já nos primeiros minutos. O começo calmo, em que Norah (Kristen Stewart) está sozinha no banheiro, escovando os dentes, é abruptamente interrompido pelo que inicialmente parece ser um terremoto aquático que danifica a estrutura do submarino e a faz correr por sobrevivência pela primeira de muitas, muitas vezes.

Ameaça Profundo segue a história de uma tripulação trabalhando numa estação de mineração a mais de 11 mil km abaixo da superfície do mar. Grande parte da tripulação morre já no primeiro acidente, que depois eles descobrem tratar-se de criaturas marinhas e não um terremoto aquático. Dentre os sobreviventes estão o capitão Rodrigo (Mamoudou Athie) e outros três tripulates (T.J. Miller, Jessica Henwick e John Gallagher Jr.) e eles decidem que a única maneira de sobreviver seria andando pelo fundo do mar até a estação mais próxima.

O enredo de autoria da dupla Brian Duffield e Adam Cozad é rápido, ativo e recheado de cenas de ação. A ação, inclusive, é o ponto alto do filme. Todas as cenas marcam o clima tenso e claustrofóbico do filme, muito bem construído. A trama não se arrasta em nenhum momento, apesar de preenchida por clichês que tornam impossível não a comparar com Alien. Tais comparações, no entanto, reforçam a inquestionável superioridade do clássico de Ridley Scott, tanto no que diz respeito ao roteiro, quanto à capacidade de assustar.

Uma vez soltos no fundo do mar, protegidos apenas pelos trajes aquáticos (muito bem feitos, por sinal) começamos a ter os primeiros relances dos monstros que habitam as profundezas do oceano e são responsáveis pelas mortes que se seguiram. As mortes, inclusive, são previsíveis e com exceção da cena final, pouco emocionantes.

Apesar de contar com um elenco eficiente, com destaque absoluto para Kristen Stewart, o roteiro deu pouco espaço para que os personagens tivessem qualquer tipo de desenvolvimento ou evolução. Todos os membros da tripulação trazem um fato raso de sua história que serviria para justificar sua personalidade atual e param por aí, mas eles realmente não são o foco da narrativa.

Se você assistiu aos trailers e vai ao cinema com a expectativa de ver uma criatura aquática monstruosa, não sairá decepcionado. O monstro responsável por todas as catástrofes da trama só é revelado em sua integridade na parte final, mas é um monstro de respeito e um daqueles casos em que tamanho importa. A criatura é, de fato, gigantesca e assustadora, com um CGI que convence e assusta. Assim como diversos outros filmes do gênero, sua origem não é explicada, a não ser por um breve comentário que sugere uma “vingança” da Terra.

Os 90 minutos do longa te prendem pelas cenas que induzem ansiedade e nervosismo, muitas vezes sendo capaz de fazer com que você se coloque nas situações pelas quais passam os personagens. Garante também alguns sustos, se essa é a sua praia e os clichês podem ser compensados por toda a ação.

Ameaça Profunda não se tornará um clássico nem ganhará prêmios, mas vale para entreter, principalmente para os fãs de terror e ficção científica, apesar de não atingir todo seu potencial.

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