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Todos sabemos o quão difícil é adaptar uma obra literária para os cinemas. Apesar de alguns acreditarem ser mais fácil, por existir uma base já pronta, tem o fator da expectativa. Ler um livro é imaginar, é criar um universo próprio em sua mente a partir das descrições do autor, é imaginar o rosto dos personagens, a tensão da situação. Sou leitor dos livros de James Dashner e a adaptação de Maze Runner era algo que estava ansioso para conhecer e, por toda a construção de tensão, era merecido bons filmes. Com a conclusão da trilogia, chego a dizer que não foi de tudo ruim, mas também não foi a realização do sonho do meu eu ao ler os primeiros capítulos de ‘Correr ou Morrer’.

Wes Ball, responsável pela direção dos três filmes da saga, pulou de cabeça no universo. Além de entender a proposta de Dashner, ele abraçou o mercado cinematográfico, perdendo a oportunidade de arriscar, trazendo situações cômodas e simples. Na conclusão da saga, Ball segue com seu trabalho nos outros dois, e realiza um trabalho mediano em cima do texto de T.S. Nowlin, que merece os parabéns por conseguir criar um caso a cada cinco minutos de filme.

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Roteiros de aventura merecem tramas e viradas para o caminhar da história, mas aqui em ‘A Cura Mortal’, Nowlin vai além e exagera um pouco na dose, criando situações extremas em que o desenvolvimento da ação anterior não tem tempo de acontecer, além de apresentações fracas de personagens – incluindo retornos. Por ser o último filme – e a bilheteria dos anteriores não permitirem a produção de duas partes – a história precisa correr e certas situações são deixadas para trás, enquanto outras são solucionadas de forma preguiçosa, com presenças cansativas de Deus Ex-Machina (para entender melhor o conceito, expliquei nesse texto aqui). 

Como se não bastasse a presença de um recurso preguiçoso, a longa duração não ajuda. Apesar de já ser um filme longo por essência – com 02h20 de duração – a sensação é de mais tempo ainda. Mesmo cheio de cenas de ação e aventura, a história, muitas vezes, deixa de andar, e cria situações atrás de situações totalmente secundárias, e no momento de voltar à história primária, tudo é muito previsível e corrido. Nada apresentado aqui é muito diferente de sagas adolescentes como ‘Jogos Vorazes’ e ‘Divergente’. Como citado anteriormente, Wes Ball não aproveitou a oportunidade de explorar um tom diferente em Maze Runner e fugir de uma mesmice adolescente – para entender melhor essa ideia de um novo tom, assista ao “book trailer” aqui – mas entendo a existência do fator mercado.

Como espectador de cinema, sou defensor da adaptação de livros e das mudanças necessárias, mas sempre priorizei a existência do clima e da construção do universo do autor, e nesse quesito, Maze Runner me perdeu. Não muito em 2014, com o primeiro filme, mas em ‘Prova de Fogo’ (2015), foi definitivo. Aqui, o trabalho de Ball é melhor que no filme anterior, mas toda a mesmice na história e nas viradas acaba se sobressaindo e passa aquele sentimento de “é, até que é legal”.

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Mas ‘A Cura Mortal’ não é de todo um mal. O universo adaptado por Ball é, visualmente falando, muito bem feito, mesmo estando dentro do “padrão”. A maquiagem e o visual dos personagens também merecem certo destaque. É tudo muito palpável e bonito de se ver, mesmo tudo isso se perdendo com o roteiro e a duração. Outro grande fator, que caminhou a saga para frente, são os personagens, ou melhor dizendo, o elenco. Mesmo nitidamente limitados, os atores entregam o que foi proposto, suficiente para os fãs absolutos da saga – do Dylan O’Brien, melhor dizendo. O carisma do elenco acaba superando parte dos defeitos e conquista mesmo o espectador novato. A evolução, tanto dos personagens quanto das próprias atuações desde o primeiro filme, existe, mas a limitação dos jovens e as inúmeras caras e bocas, incomodam.

No elenco, a participação de Aidan Gillen é a mais decepcionante, pelo fato do ator apresentar uma qualidade, mas entregar o mesmo personagem que lhe deu mais sucesso: o Mindinho de ‘Game Of Thrones’. Outra decepção é Walton Goggins. Não pela sua atuação, mas por seu personagem ser interessante, mas ter sido cruelmente desperdiçado, sem uma boa apresentação e, sequer, um desenvolvimento.

Mesmo sendo o término de uma história, ‘A Cura Mortal’ em nenhum momento traz um clima de despedida, pelo menos não um equivalente ao terceiro ato de ‘Harry Potter: As Relíquias da Morte Parte 2’ (2011), e passa a sensação de que há a oportunidade de um quarto filme, talvez. E esse sentimento não gera pensamentos positivos, por questões de exaustão e o termo mais usado em minhas críticas atualmente: “mais do mesmo”.

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No fim das contas, ‘A Cura Mortal’ tem um final e termina a saga bem, mas nada surpreendente. A saudade vai ficar para poucos. Apesar do cansaço, é uma aventura divertida e tem seus momentos, mas, infelizmente, seu final e sua despedida não são memoráveis, certamente sendo esquecido daqui um ou dois anos – ou até Dylan O’Brien começar um novo trabalho e levar os fãs com ele.

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