Perdido nas Prateleiras #5: Confissões

Pimenteiros de plantão! Hoje faremos uma nova descoberta nessa terra desconhecida que não se encaixa nos grandes lançamentos. Se essa é sua primeira visita, este é o Perdido nas Prateleiras, aqui temos a intenção de falar sobre produções valiosas que passam despercebidas no nosso radar. Uma vez por semana (sexta-feira) falaremos sobre alguma obra não tão comentada quanto as mais festejadas, coisas que estão por aí e talvez você não conheça, e se você conhecer, compartilhe essas raridades que merecem a nossa atenção e a de todos.

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O ocidente deveria saber da existência de ‘Confissões’. Um daqueles filmes em que o começo te faz grudar os olhos na história, e o final simplesmente explode a cabeça. ‘Kokuhaku’ – o nome original do longa japonês – conta a história da professora Yuko Moriguchi, que no seu último dia de aula conversa com a sala sobre o acontecimento que acarretou na destruição da sua família. Os alunos, confusos com o tal discurso, não dão ouvidos para a explicação da professora. O desmoronamento da vida de Yuko deve-se ao falecimento de sua filha, o que fez o seu marido – com aids – se separar dela. Todos os alunos ficam assustados e quietos, é quando Yuko revela que dois alunos da sala assassinaram sua filha. A sala que voltara do intervalo escolar, fica pasma. Sem revelar nomes, ela apenas diz que colocou o sangue infectado pelo vírus da aids do marido nos leites dos dois garotos acusados por ela.

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‘Confissões’ é daqueles filmes com a execução perfeita, por vezes nossos olhos não enxergam os lançamentos da terra do sol nascente, mas esse filme de 2006 é uma lição de como construir personagens e enganar o público. Com uma beleza ímpar na sua direção, ‘Confissões’ é duro, mostra o real preço dos seus atos, a pureza da maldade e a sede pela vingança. Poderia muito bem cair em clichês, mas não, as escolhas são agressivas e intensas. Acreditar que possa existir tal psicopatia natural ou uma vingança que leva à essa altura pode ser colocada em pauta no começo do filme, mas no seu segundo ato você já entendeu a perversão com que crianças e adultos se deliciam com o gosto do caos.

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O elenco desconhecido faz entender a sua escolha, tivemos a presença de grandes surpresas esse ano, como o fantástico Jacob Tremblay ou o elenco mirim de Stranger Things, se algum desses dois exemplos te fascinaram, dê uma chance para os dois personagens infectados, um deles Naoki, que demonstra a total perca da sanidade ao longo da trama, sendo o lado mais frágil da história. O filme mostra um garoto sem personalidade formada, sendo acusado pelos seus erros, com todo o ódio que ele pode cometer contra si mesmo, Naoki simplesmente justifica o erro quando cai na realidade e a demonstração desse peso na consciência é agravado com o tempo. Um espaço para a brilhante Mizuki, com características clichês a personagem tem um dos arcos mais pesados da trama, e sua atuação intensifica a história dando ainda mais importância para aquele que chega mais próximo de ser um protagonista, Yuma que faz esse filme ser tão intenso quanto cruel. Ah, e Radiohead na trilha sonora é apenas um detalhe.

Assistam, compartilhem e comentem, até semana que vem.

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