O Quarteto Fantástico é uma equipe de super-heróis de quadrinhos também conhecida, no Brasil e em Portugal, pela tradução mais literal de “Os Quatro Fantásticos”, denominação que caiu em desuso. A primeira aparição do grupo foi em 1961, na “Fantastic Four” n° 1.
Como a maioria dos personagens criados pela editora Marvel durante a década de 60, o Quarteto deve seus poderes à radiação (no caso, a radiação cósmica, com a qual foram acidentalmente bombardeados durante uma viagem espacial).
Mas o clichê acaba por aqui, porque os integrantes do Quarteto eram diferentes dos outros super-heróis de “comic books” (os gibis americanos) publicados até então: não usavam trajes coloridos (algumas edições depois, os autores resolveram dar-lhes um uniforme azul), não eram amigáveis, eram imperfeitos, brigavam entre si mas que, eventualmente, se juntavam quando a situação ficava feia.
Embora a formação do grupo mudasse ocasionalmente no decorrer das décadas, a equipe consiste geralmente nos quatro amigos originais: Senhor Fantástico (Reed Richards), líder do grupo, um cientista que pode esticar seu corpo; Mulher Invisível (Susan Storm Richards), mulher de Reed, que pode se tornar invisível e criar campos de força de qualquer formato; Tocha Humana (Johnny Storm), irmão de Sue, que pode envolver seu corpo em chamas e voar; O Coisa (Ben Grimm), o amigo rabugento dos Richards, que possui super-força e cujo corpo é feito da rocha alaranjada.
Com apenas três edições, o roteirista/editor Stan Lee percebeu que tinha dinamite nas mãos e aproveitou para resgatar um velho herói da editora, Namor, do ostracismo e, de tabela, inserir sua segunda mais original sacada após a humanização dos super-heróis: a continuidade.
A partir do “Quarteto”, todos os personagens criados por Lee, Jack Kirby e outros desenhistas da editora (Steve Ditko, John Buscema, Rich Bucker, Joe Sinnott, John Byrne etc.) sempre se lembrariam de eventos passados, e tudo o que aconteceu antes, teria conseqüência depois. Se um personagem quebrasse um braço, com certeza no próximo número iria aparecer com gesso. A frase “continua no próximo número” virou lugar-comum nos gibis editados pela Marvel, incutindo na cabeça da garotada que o melhor sempre estava por vir.
“Quarteto Fantástico” iniciou a renovação da Marvel que ocorreu na década de 1960 sob o comando de Lee e Kirby. Permaneceram populares desde então. Houve ainda três séries relativamente bem sucedidas de desenhos animados e quatro filmes: uma produção “B” em 1994 e três filmes milionários produzidos entre 2005 e 2015. Apesar de tudo, a revista foi perdendo força nos últimos anos. Nem apelações de marketing como a inclusão do Homem-Aranha e das constantes trocas de uniformes seduziram os leitores e a revista “Fantastic Four” teve um fim melancólico: foi cancelada no n° 645, em abril de 2015, 54 anos após sua estréia. As baixas vendas e a disputa pelos direitos cinematográficos entre a Marvel e a Fox foram os motivos principais.
O reboot apresenta um novo Quarteto Fantástico formado por jovens excluídos da sociedade e que vão parar em um universo paralelo, onde sofrem transformações físicas. Reed Richards (Miles Teller) ganha a habilidade de esticar o corpo como borracha. Sue Storm (Kate Mara) passa a ter o poder da invisibilidade. Johnny Storm (Michael B. Jordan) se transforma numa tocha humana e Ben Grimm (Jamie Bell) transforma seu corpo em pedra. Com seus superpoderes, eles lutam para salvar o mundo das mãos de um amigo que se virou contra o quarteto.
O filme conta com a direção de Josh Trank e roteiro de Jeremy Slater, Seth Grahame-Smith, Simon Kinberg, T.S. Nowlin.
É um filme de roteiro simplório que não agrada, caso seja analisado mais profundamente por fãs das HQs, o filme conta com cenas de ação bem elaboradas que certamente será um dos maiores atrativos para os fãs. O figurino e caracterização dos personagens não são chamativos ou revolucionários, os efeitos visuais deixam a desejar visto que outros anteriores filmes da Marvel estão com efeitos visuais impecáveis.
Se tem uma coisa que o filme apresentou de forma satisfatória foi o vilão, Dr. Destino, que é apresentado como um gênio excêntrico, seu temperamento é revelado aos poucos conforme a trama vai se desenrolando.
A trilha e efeitos sonoros estão ótimos, tudo se encaixa bem com as cenas de luta e nas passagem entre uma lembrança e outra. Porém, não foi dado uma profundidade no passado dos personagens, que foram apresentados muito brevemente, o que torna o enredo bastante corrido, dificultando a identificação do expectador para com alguns personagens.
O filme é uma adaptação diferente dos quadrinhos principalmente com Johnny Storm. É um filme que não agrada os fãs de carteirinha da série.
Por Ulisses Bastos.