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Infiltrado na Klan é um filme situado nos anos 70, porém extremamente atual e pertinente. O aclamado diretor Spike Lee nos apresenta seu mais ambicioso filme em muitos anos.
O diretor de filmes icônicos como Malcolm X (1992) e Faça a Coisa Certa (1989) nunca deixou de expor suas opiniões políticas, e em tempos da presidência de Donald Trump, ele não poderia perder a oportunidade de comentar sobre o racismo nos Estados Unidos.
Baseado na autobiografia do policial Ron Stallworth, o filme conta a história do primeiro policial negro de Colorado Springs e como ele se infiltrou na Ku Klux Klan, o movimento reacionário e extremista que prega a supremacia branca.
Com o filme, Lee, tomando algumas liberdades dramáticas, narra sua história nos lembrando da luta dos afrodescendentes por seus direitos e mostrando um reflexo nada bonito dos tempos atuais, deixando toda a sutileza de lado e passando claramente sua poderosa mensagem.
John David Washington, filho de Denzel Washington, estrela como o jovem policial Stallworth. Perseguindo o sonho de tornar-se um detetive, Ron aceita a missão de se infiltrar disfarçado em uma apresentação do ativista político e membro dos Black Panthers, Kwame Ture, também conhecido como Stokely Carmichael (Corey Hawkins).
Durante o discurso ele conhece Patrice Dumas, interpretada por Laura Harrier, de Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017), uma líder da união dos estudantes negros da universidade local. A missão é um sucesso e Ron é promovido ao departamento de inteligência da polícia.
Lá, ele entra em contato com a KKK através de um anúncio no jornal, colocando em prática um plano de infiltração na organização racista fazendo contato por telefone enquanto seu parceiro, o policial Flip Zimmerman (Adam Driver) o representa nos encontros presenciais com a Klan.
Para efeitos dramáticos, na versão de Lee, Flip é um policial judeu, tornando sua missão ainda mais perigosa. A dupla é bem sucedida e logo estão em contato com o infame David Duke, líder máximo da KKK e um infame defensor da supremacia branca até hoje. Duke é interpretado por Topher Grace e em praticamente todas as suas aparições, Lee faz paralelos com Trump, conseguindo ao mesmo tempo arrancar risadas do público e provocar reflexão.
Feito o contato com Duke, Ron e Flip precisam manter a sua farsa e impedir um atentado terrorista da Klan em Colorado Springs.
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O filme é um triunfo. É o mais ousado, pertinente e realizado com o coração de Lee em décadas, e possivelmente um dos melhores filmes de sua carreira, além de um forte candidato ao melhor filme do ano. A direção de Lee é soberba, misturando elementos dos gêneros blaxploitation, buddy cop e docudrama.
Mistura a total falta de sutileza no humor com referências históricas inteligentes para fazer pensar. A trilha sonora é magnífica, conseguindo realmente resgatar o clima da época.
As atuações vão de boas a excelentes. Washington e Driver são uma grande dupla nas telas, esbanjando química e carisma.
Destaco também a participação do lendário Harry Belafonte, ele mesmo um ativista na vida real que foi amigo de Martin Luther King e Malcolm X, como um ativista idoso narrando de forma impressionante um linchamento de um jovem negro em 1916.
Infiltrado na Klan coloca o dedo na ferida dos Estados Unidos. Ele fala de privilégio branco, exibe a verdade por trás dos discursos de ódio e escancara o racismo do país, mostrando como a história é cíclica. Lee deixa claro que estamos vivendo novamente uma época bem similar.
Na década de 70, os movimentos negros ganhavam força, com lutas para conquistar direitos legítimos na sociedade e conservadores de extrema direita sentiam-se incomodados e desconfortáveis com a mudança, apresentando resistência e dando início à movimentos ultraconservadores, regidos pelo ódio e a intolerância. Parece familiar?
Não é diferente da realidade atual dos EUA, nem da brasileira, infelizmente. O preconceito, o ódio e a intolerância não se escondem mais atrás de máscaras e continuam fortemente presentes no mundo.
O filme de Lee consegue realizar algo incrível. Ele funciona em inúmeros níveis diferentes. O filme funciona como comédia, como drama, como docudrama, como denúncia. Ele mostra a face horrorosa do racismo e da sociedade, mexendo fortemente com qualquer um que tenha um mínimo de empatia, faz um alerta contra o racismo na sociedade e dentro da força policial.
Consegue também exibir a estupidez existente na tentativa de diminuir grupos inteiros de pessoas por sua cor ou qualquer outra diferença. Mostra como o ódio pode unir as pessoas e levar líderes despreparados à posições de poder que não merecem, uma realidade nada distante para o americano ou brasileiro de hoje. O filme é um chute que te tira de sua zona de conforto e invoca sua empatia.
Mas de certa forma é bastante otimista ao dizer para todos nós, que estamos passando por essa era de ódio e intolerância, que o mundo já passou por um período assim. Lee deixa claro com suas analogias à administração Trump que a história é cíclica.
Eles podem tentar resistir e a luta nunca será fácil, mas não podem impedir o progresso. O ponto de Lee é que a Klan foi derrotada. E os fascistas e intolerantes de hoje serão derrotados também. Isso torna Infiltrado na Klan um filme necessário para os dias que estamos vivendo.
O filme faz parte da programação da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e estreia dia 22 de novembro nos cinemas nacionais.
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