‘Histórias são criaturas selvagens’.
Confira 5 motivos para não perder ‘Sete Minutos Depois da Meia-Noite’, um dos filmes mais tocantes do ano.
PANORAMA GERAL: Conor (Lewis MacDougall) é um garoto de 12 anos que precisa lidar com a grave doença da mãe (Felicity Jones), uma avó pouco simpática e ainda o bullying dos colegas de escola. Eis então que um Monstro (voz de Liam Neeson) surge no quarto de Conor para guia-lo por uma jornada de coragem, fé e verdade. Esse é o terceiro filme do diretor catalão J.A. Bayona, seguindo os elogiados ‘O Orfanato’ e ‘O Impossível’. Ele dirige o roteiro escrito pelo próprio autor do livro cujo filme é inspirado, Patrick Ness. Aqui em ‘Sete Minutos Depois da Meia-Noite’, Bayona parece unir elementos presentes nos seus dois filmes anteriores, a aura fantástica de ‘O Orfanato’ com a tragédia familiar de ‘O Impossível’.
SOBRE O QUE O FILME FALA? É uma história muito tocante sobre uma criança que está tão machucada emocionalmente que acaba tendo que exteriorizar sua frustração e raiva por não poder controlar o mundo a sua volta e ver sua vida desmoronando aos poucos. Como uma válvula de escape para seus problemas, o garoto cria uma figura que possa inspirá-lo a dar a volta por cima e superar as dificuldades. E o melhor de tudo é que o filme consegue abordar todos esses temas sem uma atmosfera muito depressiva e incômoda, mas também sem querer ser manipulativo com o espectador através de um melodrama clichê.
A CRIAÇÃO DO MONSTRO: O roteiro esteve presente na blacklist de 2013 – a lista dos melhores roteiros que não conseguiram ser produzidos no ano – e foi belissimamente adaptado para o cinema. A história consegue ser sombria na medida certa e há espaço para um pouco de humor e esperança também. Embora a trama e as atuações sustentem o filme tão bem, outro fator muito positivo é a concepção estética impecável da obra. A criação do monstro em efeito prático foi uma escolha que torna a criatura tão plausível para o espectador quanto para o garoto Conor, com destaque para as texturas e o tamanho do monstro.
ATUAÇÕES: Bayona é excelente na direção de atores – seu filme anterior ‘O Impossível’ é um dos maiores exemplos do que ele é capaz – e aqui em ‘Sete Minutos Depois da Meia-Noite’ não foi diferente. O jovem Lewis MacDougall impressiona em seu primeiro protagonismo no cinema, como um personagem que se sente muito velho para ser criança e muito jovem para ser homem. Sua atuação expressa essa contradição com muita intensidade (raiva e frustração interna) e juntamente com uma das melhores atuações da carreira de Felicity Jones (debilitada de forma tocante), as cenas entre mãe e filho no filme são completamente críveis e cheias de emoção. Sigourney Weaver utiliza toda sua experiência para entregar uma sólida atuação enquanto Toby Kebbel também cumpre bem as expectativas, mesmo com um papel de menor destaque. Não poderia deixar de mencionar o trabalho de Liam Neeson, que tem não apenas a voz ideal, mas a alma, a aura, a sabedoria e imposição que o monstro deveria ter.
DIREÇÃO E CONCLUSÃO: ‘Sete Minutos Depois da Meia-Noite’ é uma das gratas surpresas neste início de ano. Um filme modesto em investimento em vista de grandes blockbusters, mas com o coração muito maior do que todos eles. Uma história que fala sobre descobrir a verdade e transcende, fazendo um paralelo com a vida real para tentar ser o mais honesto possível com o público quanto a assimilação do luto. A direção de Bayona é tão inteligente e bem feita, ele consegue equilibrar perfeitamente esses temas pesados, como separação, doença e bullying e transformar numa fábula intrigante e comovente para adultos, mostrada sob o ponto de vista de uma criança. ‘Sete Minutos Depois da Meia-Noite’ toca em temas fortes, mas deixa um espaço para que o espectador possa pensar e absorver tudo o que viu, e não precisa ser totalmente respondido, pois seu mérito é simplesmente nos fazer pensar sobre seus temas.
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