“Dolittle” não surpreende, mas ainda é uma boa opção para as crianças

Na onda de reboots e remakes que têm aparecido, a história da vez é a do Doutor Dolittle. Qualquer pessoa que tenha crescido nos anos 90/00 vai se lembrar do veterinário capaz de falar com animais, na última versão interpretado por Eddie Murphy. Quase 22 anos depois, quem revive o papel dessa vez é Robert Downey Jr., em seu primeiro grande trabalho pós-Marvel.

Nesse remake, a história de Dr. Dolittle é contada como num livro de contos de fadas, e sua vida realmente se assemelhava a um: ele era casado e junto com sua mulher usava seu dom de falar com animais para dedicarem suas vidas a ajudá-los, até que durante uma viagem, sua mulher falece tragicamente no mar. Frustrado e em luto, Dolittle se isola completamente da sociedade, se trancando em sua casa junto com seus animais.

A trama começa quando um menino que acidentalmente atirou num esquilo e uma menina que precisa de Dolittle para curar a Rainha da Inglaterra invadem a propriedade do doutor para pedir sua ajuda. Ao entrarem na casa encontram um Dolittle com aparência descuidada, jogando xadrez com um gorila, cercado de animais feitos por computação gráfica. Depois de descobrir que no caso da morte da Rainha, que fora envenenada, perderia sua propriedade e tanto ele quanto seus animais ficariam sem um lar, Dolittle aceita sair em viagem para procurar um antídoto.

É a partir dessa viagem que os maiores problemas do longa começam a aparecer. “Dolittle” é dirigido por Stephen Gaghan, famoso por ser responsável por filmes dramáticos, como Traffic: Ninguém Sai Limpo e Syriana – A Indústria do Petróleo e a falta de “tato” para lidar com um filme infantil se mostra durante o longa, assuntos sérios como o luto de Dolittle são retratados, mas não de forma aprofundada ou que tornasse mais fácil que uma criança compreendesse de fato.

Robert Downey Jr. é o grande protagonista e seu retorno a filmes “não-Marvel” era altamente aguardado, mas não alcançou as expectativas. Sua interpretação de Dolittle apenas faz o necessário para convencer num filme infantil. Além de Robert Downey Jr., outros atores já conhecidos fazem parte do elenco, como Antonio Banderas no papel de Rassouli, rei dos piratas e pai da esposa falecida de Dolittle e Michael Sheen, que faz o vilão caricato Dr. Blair Mudfly, mas nenhuma performance extremamente memorável.

Um dos pontos positivos do filme são os animais feitos por computação gráfica, que estão longe do fiasco de “Cats”, também da Universal. Os animais, além de bem-feitos, são os principais responsáveis pelas risadas com suas piadas em relação a questões humanas, como ansiedade ou problemas com a família (que provavelmente só serão compreendidas pelos pais), mas também com piadas clichês que só vão arrancar risadas das crianças.

Mesmo com todas as falhas e com um clímax um tanto quanto decepcionante, Dolittle pode ser um filme divertido (apesar de não alcançar todo seu potencial) sobretudo para as crianças. Visualmente bonito e com um roteiro simples, pode servir para desestressar sem precisar de muita reflexão.

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