SINOPSE

Será que o relacionamento só não vai bem quando é preciso recorrer à terapia de casal? Às vezes não. Vanessa Giácomo e Rafael Infante (do humorístico ‘Porta dos Fundos’) conseguem exemplificar muito bem essa questão, por meio de seus personagens, a ortopedista Eduarda e o produtor de Eventos Marcos, na comédia dirigida por Paulo Fontenelle, que está em cartaz nos Cinemas de todo Brasil.

Eduarda na terapia Divã a 2

Na história, Eduarda e Marcos estão juntos há 10 anos e já não tem mais tempo um para o outro. Devido ao desgaste do relacionamento, eles decidem fazer terapia de casal, sozinhos, mas, durante as sessões, resolvem se separar de qualquer forma. Enquanto isso, Eduarda conhece Leo, um homem bem resolvido e mais maduro, por quem se interessa e começa um novo relacionamento, enquanto Marcos mergulha de cabeça na vida de solteiro.
Antes de tudo, é preciso deixar claro que o longa era para ser a sequência de ‘Divã’, estrelado por Lilia Cabral e dirigido por José Alvarenga Junior, mas não funciona assim, apesar da identidade visual do cartaz lembrar bastante a comédia lançada em 2009. Diferente do filme antes citado, ‘Divã a 2’ começa mostrando os diálogos enfadonhos do casal em questão, e com cenas muito escuras no consultório, o que provoca uma sensação de distância entre o público e o filme.

Guilherne assisente e Eduarda Divã a 2

Previsível, o longa passa a ideia das situações serem resolvidas de forma óbvia e antes mesmo dos créditos finais. Exemplo disso, é quando Marcos começa a dar valor à esposa quando ela começa a sair com outro homem e começa a observar que o filho fala mais do amigo dela do que dele mesmo.
Além disso, o talento de Vanessa Giácomo tenta disfarçar os clichês do filme. Eduarda é uma mulher dedicada ao filho, bem sucedida e que vive para o trabalho, uma personagem que exige grande concentração, pois ora é graciosa, ora é cômica, diferente do que estamos acostumados a ver nas atuações de Vanessa. Entretanto, a competência para dar vida ao personagem não é suficiente. Os merchandisings no filme, principalmente na hora em que a personagem está tomando banho, são extremamente apelativos, tirando o foco de suas cenas.

Marcos e a moça lente de contato Divã a 2

Já Rafael Infante, não demonstra muita química com seu personagem, e menos ainda com Vanessa nas cenas em que o casal protagoniza junto. O ator, que se dedica a fazer comédia e interpretar personagens mais caricatos, não se adequou ao drama em que seu personagem se envolve. Mais clichês aparecem quando Marcos se envolve com outras mulheres, especialmente em uma cena muito sem graça com uma moça e as lentes de contato.
Além disso, a personagem de Fernanda Paes Leme é desnecessária na trama. Com um tom cômico forçado, a periguete Isabel não convence em absolutamente nada, chegando a ser cruel. Totia Meirelles e Maurício Mattar também são personagens desperdiçados na história. Porém, o destaque fica com George Sauma, que interpreta Guilherme, o assistente de Eduarda. O rapaz tem em si um tom original para o humor, e faz suas cenas muito bem.

Rafael Infante e Vanessa Giácomo Divã a 2

Também é perceptivel que o filme sofre com a montagem, fazendo com que o humor escrachado dê lugar ao tom leve que o filme tem. As cenas de Isabel mostram perfeitamente que a montagem não está de acordo com a proposta do filme. A trilha sonora também não ajuda a sincronizar todos os elementos, e a fotografia é um elemento não muito explorado nas cenas. A segunda parte do longa torna-se um pouco confusa, mas não compromete o desenvolvimento do roteiro.

Vanessa Giácomo e Fernanda Paes Leme Divã a 2

O que fica subentendido é que por mais que a personagem principal tenha seu trabalho, sua casa, seja independente e tenha prestígio, há sempre o reforço da ideia de que ela será infeliz sem um homem para completar sua vida. E para piorar, o roteiro escrito por dois homens, Leandro Matos e Saulo Aride, soa um pouco machista, levando a entender que a mulher só será realizada se tiver um companheiro ao seu lado.
Em suma, ‘Divã a 2’ não é ruim, pois sabe intercalar o humor com as cenas de drama, mas transita pela mesmice cinematográfica. Contudo, sem um roteiro imponente, um cenário completo, trilha sonora forte e um equilíbrio entre direção e elenco, não há atuação que garanta a bilheteria.

Trailer do filme:

 

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