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‘O oceano está chamando’.

Confira 7 motivos para não perder Moana, uma das animações mais belas dos últimos anos:

UMA NOVA PRINCESA: Moana (a estreante Auli’I Cravalho) é filha única do chefe de uma tribo em um paraíso nas ilhas polinésias. Mesmo sabendo que precisa ficar em casa para aprender as tradições e liderar seu povo quando seu pai se for, a garota sente uma forte atração pelo Oceano e pela aventura. Quando sua terra começa a passar por escassez de comida, ela descobre que precisa encontrar o semideus Maui (‘The Rock’ Dwayne Johnson) para fazê-lo devolver o coração da natureza que havia roubado e restaurar o equilíbrio do seu povo. A direção é dos experientes Ron Clements e John Muskers – contando com mais dois codiretores, Don Hall (diretor de ‘Operação Big Hero’) e Chris Williams (diretor de ‘Bolt: Supercão’). Juntos, Clements e Muskers são responsáveis por vários clássicos Disney, dentre eles ‘Aladin’, ‘A Pequena Sereia’ e ‘Hércules’. Com todo esse currículo, creio que não é preciso ressaltar o quanto ‘Moana’ está em boas mãos.

A bebê Moana, como não se apaixonar? A bebê Moana, como não se apaixonar?

SOBRE O QUE O FILME FALA? De maneira simplista, ‘Moana’ é mais uma animação da Disney sobre autodescoberta e amizade. Mas, seria totalmente injusto da minha parte resumir uma aventura tão rica a apenas isso. Há também um grande valor cultural quanto às tradições e lendas Maori (das ilhas polinésias) que acabam sendo um grande diferencial, dando uma sensação original e de ‘novidade’ ao filme. Através da protagonista determinada e valente que é Moana, o filme também consegue emocionar com sua mensagem de que ‘você pode ser quem você realmente quiser’, contanto que corra atrás dos seus sonhos e objetivos. Apenas a título de curiosidade, na Europa e na Ásia o título precisou ser mudado para ‘Vaiana’, pois há um marca de cosméticos que detém o nome ‘Moana’ no continente europeu. Ah, e também há uma atriz pornô italiana com o mesmo nome, o que certamente não pegaria muito bem para a imagem da princesa Disney.

DE ONDE VEM A INSPIRAÇÃO? O roteiro é do já bastante elogiado por mim Jared Bush, de ‘Zootopia’ e por isso nota-se muita semelhança entre as duas histórias – aquilo que eu mencionei de ‘ser quem realmente quiser ser’. Ambas as histórias dialogam muito bem nesse sentido. Em declaração, Musker (um dos diretores) declarou que a fonte de inspiração para o filme eram as histórias de Herman Melville (de ‘Moby Dick’) e Joseph Conrad, dois escritores lendários que tinham fascinação pelo mar. E de fato, o mar é um universo tão vasto e cheio de criaturas desconhecidas que certamente é capaz de aguçar a imaginação dos contadores de história. E afirmo que após muita pesquisa de campo na região do Pacífico e Nova Zelândia, o resultado de toda essa descoberta cultural ficou muito crível e brilhantemente representado no produto final de ‘Moana’.

O horizonte está sempre ao fundo para lembrar da longa caminhada de descoberta da protagonista O horizonte está sempre ao fundo para lembrar da longa caminhada de descoberta da protagonista

A HISTÓRIA: Outro fato sobre o roteiro é que não dá para criticá-lo por ser ‘formulaico’ e com estrutura muito semelhante a inúmeras outras animações, isso é chover no molhado. É querer achar um defeito onde tecnicamente não há, pois a trama se sustenta muito bem e tanto visualmente quanto geograficamente o filme ‘inunda’ a tela com sua identidade própria. Em outras palavras, há tantas outras qualidades (visual, sonora, ambiente) que vão além da narrativa que acabam a sobrepondo, de um modo em que a familiaridade com a história não atrapalha em momento algum. Outro ponto positivo é que ao fazer o simples, ‘Moana’ acerta ao ter clareza no que quer contar, facilitando o envolvimento com o espectador. Logo no primeiro ato são estabelecidos o objetivo dramático da protagonista (quer explorar uma aventura, mas sente a responsabilidade para com seu povo) e o conflito (para que seu povo não sofra com a fome, ela precisa devolver o coração à natureza). E esse conflito vai aumentando gradativamente, mantendo o espectador investindo o interesse na história.

DRAMA FAMILIAR: Quem assistiu as animações antigas dos diretores, logo vai reconhecer algumas semelhanças que relacionam as obras. Quando alguém diz que tal filme vai agradar tanto a crianças quanto a adultos, sempre me vêm à cabeça os temas que o filme aborda. E os conflitos familiares muitas vezes são o melhor caminho para que esse objetivo seja bem sucedido. Em ‘Moana’ não é diferente, temos a protagonista, uma adolescente cheia de vida e desejo por explorar o universo e um pai super protetor, que muitas vezes por um trauma do passado (normalmente uma perda), quer impedí-la de sair da sua proteção e sofrer algum mal. Vemos variações desse conflito em filmes como ‘Procurando Nemo’, ‘A Pequena Sereia’, ‘Divertidamente’ e etc. E é nesse confronto entre pais e filhos que o conflito vai aumentando gradativamente, como mencionei no parágrafo anterior. Até porque, cada fracasso encarado vai refletir na protagonista o quanto seus pais estavam certos e a cada sucesso, inevitavelmente os pais perceberão o quanto estavam errados. Como espectadores, nos interessamos por esse tipo de história porque, a bem da verdade, assim também é a vida não é mesmo?

Os pais super protetores (conheço piores...) da princesa Moana Os pais super protetores (conheço piores…) da princesa Moana

CANÇÕES E VISUAL IMPECÁVEL: ‘Moana’ é um projeto bastante ambicioso, custando por volta de 150 milhões de dólares. Além dos quatro diretores e dos vários roteiristas, para a espetacular trilha sonora foram chamados três compositores. Um é um músico local que compôs algumas canções para ambientar a peculiar região e os outros são Mark Mancina (de ‘Tarzan’) e Lin-Manuel Miranda, um jovem compositor muito promissor, sucesso na Broadway e vencedor de um Tony Award. Além de algumas passagens de tempo pontuadas por belas canções, o destaque mesmo vai para ‘How Far I’ll Go’, música tema composta por Miranda e fortíssima candidata ao Oscar este ano (minha favorita, diga-se). O visual também é incrível, onde as cores vivas da natureza e as frequentes imagens do oceano, além de refletirem a longa jornada da protagonista, acentuam no filme a épica aventura que virá pela frente quando os personagens embarcarem no coração do oceano – chegando em alguns momentos a lembrar o belíssimo ‘As Aventuras de Pi’.

PERSONAGENS E CONCLUSÃO: Moana é uma personagem que é realmente agradável de acompanhar. Além de seguir a desconstrução da beleza clássica das princesas Disney – como faz o filme ‘Valente’, por exemplo – ela tem seu charme, muito carisma e qualidades que nos fazem admirá-la cada vez mais, pois ao mesmo tempo em que se preocupa com os outros, é decidida o suficiente para seguir seu próprio caminho. O outro grande personagem do filme, o semideus Maui é muito bem interpretado por Dwayne Johnson. Ele consegue transformar o egocentrismo do personagem numa espécie de humor que é muito importante para o filme, pois apenas gags visuais e personagens excêntricos feitos deliberadamente para rir talvez não fossem o suficiente. Sendo assim, esse complemento que um personagem dá ao outro traz ao filme um equilíbrio muito bom. ‘Moana’ é mais um grande exemplo de que muito esmero com a produção e o respeito e conhecimento à cultura ao redor do mundo conseguem superar até mesmo uma fórmula já utilizada inúmeras vezes. Realmente um filme capaz de agradar a todas as idades.

Maui e Moana: amizade improvável Maui e Moana: amizade improvável

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!




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