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‘Cada cão acontece por um motivo’.

Cercado pela polêmica de um vídeo de bastidores vazado recentemente, que mostra a equipe de filmagem submetendo um cachorro a uma cena na água aparentemente contra sua vontade, chega aos cinemas nacionais ‘Quatro Vidas de um Cachorro’, filme baseado no livro homônimo de W. Bruce Cameron (que também contribui com o roteiro). O filme conta a história de um cão que tenta entender o sentido de sua existência passando por vários donos em várias épocas diferentes. A direção é do sueco Lasse Hallstrom, que coleciona na carreira vários filmes aclamados como ‘Chocolate’ (com Johnny Depp e Juliette Binoche), ‘Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador’ (novamente com Depp e com Léo DiCaprio) e talvez o seu mais icônico ‘Sempre ao Seu Lado’, com Richard Gere. Curiosamente, um de seus primeiros filmes de destaque – ainda na Suécia – é ‘Minha Vida de Cachorro’, escrito e dirigido por ele em 1985.

Em ‘Quatro Vidas de um Cachorro’, Hallstrom coloca o espectador na ‘pele’ do cachorrinho Bailey, através de narrações que servem para esclarecer os pensamentos do bichinho. Desde o início do filme, há uso frequente de câmera subjetiva do ponto de vista do cachorro, que não chega a ser inovador ou genial (o filme ‘Olha Quem Está Falando’ já havia feito algo muito parecido, por exemplo), mas funciona muito bem para começarmos a criar empatia com o personagem. Além disso, essa abordagem proporciona momentos bastante divertidos com as trapalhadas e reações engraçadas tanto do animal como dos humanos que o acercam. Mas, apesar de todo esse clima alegre com o cãozinho tentando animar seus donos, o filme toca em temas mais sérios como solidão, sonhos frustrados (a história mais forte se passa durante a paranoia da ameaça nuclear da Guerra Fria) e é claro, a morte.

Quem já assistiu ao filme de cachorro anterior do diretor, ‘Sempre ao Seu Lado’, sabe que Hallstrom não se preocupa em ‘poupar’ o espectador de momentos tristes nos seus filmes. E aqui em ‘Quatro Vidas de Um Cachorro’, essa melancolia mais uma vez está presente de forma muito forte durante todo o filme. Apesar do visual colorido, das cenas cômicas e do clima romântico que vai sendo construído (o diretor já adaptou algumas obras de Nicholas Sparks para o cinema, como ‘Querido John’), o filme deixa sempre aquela sensação pessimista de que algo ruim está para acontecer. O que é compreensível pois assim é a vida, quando achamos que tudo vai dar certo, naturalmente surgem obstáculos que precisamos superar e seguir a vida.

OPINIÃO FINAL: Sem entrar em detalhes ‘extra filme’ (que ainda estão sob investigação), ‘Quatro Vidas de um Cachorro’ é um filme altamente recomendável para ajudar a quem perdeu um bichinho de estimação entender por que essas coisas acontecem. Para quem não perdeu, é igualmente importante para aprendermos a valorizar mais nossos fiéis companheiros de quatro patas. Apesar da direção de Hallstrom não ser muito sutil no objetivo de manipular as emoções do espectador, há um equilíbrio muito bem dosado entre os momentos tristes com os alegres, não deixando o filme pesado demais e nem totalmente inverossímil.

Vale também pelo belo visual, com excelente direção de arte e fotografia – com destaque para alguns planos bem abertos, explorando a beleza dos campos da região e para os enquadramentos e iluminação de algumas cenas. Em comparação a outros grandes filmes do subgênero como ‘Sempre ao Seu Lado’ ou ‘Marley e Eu’, ‘Quatro Vidas de um Cachorro’ pode não ser o melhor entre os três, mas compensa bem alguns momentos previsíveis com estilo próprio (câmera em primeira pessoa e narração dos pensamentos dos cãezinhos), personagens carismáticos e momentos verdadeiramente comoventes. O filme escapa também de um problema comum quando há mais de uma história diferente a ser contada (normalmente, as partes não funcionam inteiramente de forma orgânica, é comum ter alguma que deixe a desejar), mas aqui todas as histórias são bem sólidas, tornando o filme uma boa diversão descompromissada.

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!




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